Que Deus vive em cada um de nós,
que cada pedaço de terra nos seja
morada, que cada homem nos seja familiar
e irmão, que
o conhecimento dessa unidade
divina revele
toda a separação em raças,
em povos, em ricos e pobres, em
credos e partidos como
fantasma e ilusão —
este é o ponto a que
regressaremos quando uma terrível
necessidade ou uma terna emoção
tiver aberto nosso ouvido e feito nosso coração
capaz de amar novamente.
Hermann Hesse
Daß Gott in jedem von uns lebt,
daß jeder Fleck Erde uns Heimat
sei, jeder Mensch uns verwandt
und Bruder ist, daß
das Wissen um diese göttliche
Einheit alle Trennung in Rassen,
Völker, in Reich und Arm, in
Bekenntnisse und Parteien als
Spuk und Täuschung entlarvt –
das ist der Punkt, auf den wir
zurückkehren, wenn furchtbare
Not oder zarte Rührung unser
Ohr geöffnet und unser Herz
wieder liebefähig gemacht hat.
Hermann Hesse
Transtrazendo
Traduções destronadas para o português por própria conta e risco
segunda-feira, 2 de março de 2015
Que Deus vive em cada um de nós... (Daß Gott in jedem von uns lebt...)
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quinta-feira, 18 de julho de 2013
A Solução (Die Lösung)
Depois da revolta do 17 de Junho
Mandou o secretário da Associação dos Escritores
Distribuir panfletos na Alameda Stálin
Onde se lia que o povo
Tinha perdido a confiança do governo
E que só poderia reconquistá-la
Mediante trabalho redobrado. Não seria
Mais fácil se o governo
Dissolvesse o povo
E elegesse um outro?
Bertolt Brecht
Nach dem Aufstand des 17. Juni
Ließ der Sekretär des Schriftstellerverbands
In der Stalinallee Flugblätter verteilen
Auf denen zu lesen war, daß das Volk
Das Vertrauen der Regierung verscherzt habe
Und es nur durch verdoppelte Arbeit
Zurückerobern könne. Wäre es da
Nicht doch einfacher, die Regierung
Löste das Volk auf und
Wählte ein anderes?
Bertolt Brecht
Elegias de Buckow. In: Gedichte. 12a ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004. p. 1009.
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sábado, 15 de junho de 2013
De que vale a bondade (Was nützt die Güte)
1
De que vale a bondade
Se os bondosos logo são fulminados, ou são fulminados
Aqueles com quem eles são bondosos?
De que vale a liberdade
Se os livres têm de viver entre os não-livres?
De que vale a razão
Se só a desrazão proporciona a comida que cada um precisa?
2
Em vez de serem apenas bondosos, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que possibilite a bondade, e melhor:
Tornem-na supérflua!
Em vez de serem apenas livres, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que a todos liberte
E que também torne supérfluo
O amor à liberdade!
Em vez de serem apenas razoáveis, esforcem-se
Para criar um estado de coisas que torne a desrazão do indivíduo
Um mau negócio!
Bertolt Brecht
1
Was nützt die Güte
Wenn die Gütigen sogleich erschlagen werden, oder es werden erschlagen
Die, zu denen sie gütig sind?
Was nützt die Freiheit
Wenn die Freien unter den Unfreien leben müssen?
Was nützt die Vernunft
Wenn die Unvernunft allein das Essen verschafft, das jeder benötigt?
2
Anstatt nur gütig zu sein, bemüht euch
Einen Zustand zu schaffen, der die Güte ermöglicht, und besser:
Sie überflüssig macht!
Anstatt nur frei zu sein, bemüht euch
Einen Zustand zu schaffen, der alle befreit
Auch die Liebe zur Freiheit
Überflüssig macht!
Anstatt nur vernünftig zu sein, bemüht euch
Einen Zustand zu schaffen, der die Unvernunft der einzelnen
Zu einem schlechten Geschäft macht!
Bertolt Brecht
Poemas de 1933-1938. In: Gedichte. 12a ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004. p. 553.
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quinta-feira, 16 de maio de 2013
O Jogo das Contas de Vidro (Das Glasperlenspiel) - II
"Quando na luta dos interesses e dos slogans a verdade é ameaçada, e ainda desvalorizada, desfigurada e violentada como o indivíduo, como a linguagem, assim como as artes, como tudo o que é orgânico e artisticamente engendrado com magnitude, então é nossa obrigação única relutar e resgatar a verdade — isto é, a busca pela verdade — como nosso dogma supremo. O estudioso que, como orador, como autor, como professor, conscientemente profere o incorreto, conscientemente apoia mentiras e fraudes, age não apenas contra leis fundamentais orgânicas, ele, além disso, apesar de toda a aparência, em nada aproveita ao seu povo; causa-lhe, na verdade, severos danos, estraga-lhe o ar e a terra, o alimento e a bebida, envenena o pensamento e o direito e ajuda todo mal e hostil que ameaça o povo de extermínio."
Hermann Hesse
„Wenn im Kampf der Interessen und Schlagworte die Wahrheit in Gefahr kommt, ebenso entwertet, entstellt und vergewaltigt zu werden wie der Einzelmensch, wie die Sprache, wie die Künste, wie alles Organische und kunstvoll Hochgezüchtete, dann ist es unsre einzige Pflicht, zu widerstreben und die Wahrheit, das heißt das Streben nach Wahrheit, als unsern obersten Glaubenssatz zu retten. Der Gelehrte, der als Redner, als Autor, als Lehrer wissentlich das Falsche sagt, wissentlich Lügen und Fälschungen unterstützt, handelt nicht nur gegen organische Grundgesetze, er tut außerdem, jedem aktuellen Anschein zum Trotz, seinem Volke keinen Nutzen, sondern schweren Schaden, er verdirbt ihm Luft und Erde, Speise und Trank, er vergiftet das Denken und das Recht und hilft allem Bösen und Feindlichen, das dem Volke Vernichtung droht.“
Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel. Berlim: Suhrkamp Taschenbuch Verlag (Edição digital - kindle), 2012. p. 551, posição 5371.
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segunda-feira, 6 de maio de 2013
O Jogo das Contas de Vidro (Das Glasperlenspiel)
"De repente, percebi que na linguagem ou pelo menos no espírito do Jogo das Contas de Vidro, tudo de fato era plenamente significativo, que cada símbolo e combinação de símbolos não levavam aqui ou ali, a determinados exemplos, a experimentos, a evidências, mas ao centro, ao mistério e ao íntimo do mundo, ao conhecimento primal. Cada transição do tom maior para o menor em uma sonata, cada transformação de um mito ou de um culto, cada formulação clássica, artística era — eu me dei conta no lampejo daquele instante, em verdadeira contemplação meditativa — nada além de um caminho imediato ao interior do mistério cósmico, onde, em alternância entre inspiração e expiração, entre céu e terra, entre Yin e Yang o sagrado eternamente se consuma."
Hermann Hesse
„Ich begriff plötzlich, daß in der Sprache oder doch mindestens im Geist des Glasperlenspiels tatsächlich alles allbedeutend sei, daß jedes Symbol und jede Kombination von Symbolen nicht hierhin oder dorthin, nicht zu einzelnen Beispielen, Experimenten und Beweisen führe, sondern ins Zentrum, ins Geheimnis und Innerste der Welt, in das Urwissen. Jeder Übergang von Dur zu Moll in einer Sonate, jede Wandlung eines Mythos oder eines Kultes, jede klassische, künstlerische Formulierung sei, so erkannte ich im Blitz jenes Augenblicks, bei echter meditativer Betrachtung, nichts andres als ein unmittelbarer Weg ins Innere des Weltgeheimnisses, wo im Hin und Wider zwischen Ein- und Ausatmen, zwischen Himmel und Erde, zwischen Yin und Yang sich ewig das Heilige vollzieht.“
Hermann Hesse
Das Glasperlenspiel. Berlim: Suhrkamp Taschenbuch Verlag (Edição digital - kindle), 2012. p. 172, posição 1649.
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terça-feira, 27 de março de 2012
Cartilha de Guerra Alemã (Deutsche Kriegsfibel)
Os de cima dizem: paz e guerra
São de matéria distinta.
Porém, a sua paz e a sua guerra
São como vento e tempestade.
A guerra nasce da sua paz
Como o filho da mãe.
Ele carrega
Seus traços terríveis.
Sua guerra mata
Os restos que sua paz
Deixou.
Bertolt Brecht
Die Oberen sagen: Friede und Krieg
Sind aus verschiedenem Stoff.
Aber ihr Friede und ihr Krieg
Sind wie Wind und Sturm.
Der Krieg wächst aus ihrem Frieden
Wie der Sohn aus der Mutter.
Er trägt
Ihre schrecklichen Züge.
Ihr Krieg tötet
Was ihr Friede
Übriggelassen hat.
Bertolt Brecht
Do poema "Deutsche Kriegsfibel", Svendborger Gedichte in: Gedichte, 12ª ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004. p. 635.
Agradecimento especial à Ana Sofia Guerra.
São de matéria distinta.
Porém, a sua paz e a sua guerra
São como vento e tempestade.
A guerra nasce da sua paz
Como o filho da mãe.
Ele carrega
Seus traços terríveis.
Sua guerra mata
Os restos que sua paz
Deixou.
Bertolt Brecht
Dresden após ataque aéreo (1945)
Die Oberen sagen: Friede und Krieg
Sind aus verschiedenem Stoff.
Aber ihr Friede und ihr Krieg
Sind wie Wind und Sturm.
Der Krieg wächst aus ihrem Frieden
Wie der Sohn aus der Mutter.
Er trägt
Ihre schrecklichen Züge.
Ihr Krieg tötet
Was ihr Friede
Übriggelassen hat.
Bertolt Brecht
Do poema "Deutsche Kriegsfibel", Svendborger Gedichte in: Gedichte, 12ª ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004. p. 635.
Agradecimento especial à Ana Sofia Guerra.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Siddhartha
"...de cada verdade o oposto também é verdadeiro! Assim: uma verdade é sempre dita e envolta em palavras apenas quando for unilateral. Unilateral é tudo que pode ser refletido com pensamentos e dito com palavras, tudo unilateral, tudo meio, tudo dispensado de completude, de órbita, de unidade. Quando o elevado Gotama falava do mundo em seus ensinamentos, ele teve que dividi-lo em sânsara e nirvana, em ilusão e verdade, em sofrimento e salvação. Não é possível ser feito de outra forma, não existe outro caminho para quem deseja ensinar. O mundo em si, entretanto, o existente em torno de nós e em nós, nunca é unilateral. Um ser humano ou um ato nunca é inteiramente sânsara ou inteiramente nirvana, um ser humano nunca é inteiramente santo ou inteiramente pecaminoso. Assim parece ser porque estamos sujeitos à ilusão de que o tempo é algo real. O tempo não é real, Govinda, experimentei isto muitas e muitas vezes. E, se o tempo não é real, o intervalo que parece haver entre mundo e eternidade, entre sofrimento e bem-aventurança, entre mal e bem, também é uma ilusão."
Hermann Hesse
Hermann Hesse
„...von jeder Wahrheit ist das Gegenteil ebenso wahr! Nämlich so: eine Wahrheit läßt sich immer nur aussprechen und in Worte hüllen, wenn sie einseitig ist. Einseitig ist alles, was mit Gedanken gedacht und mit Worten gesagt werden kann, alles einseitig, alles halb, alles entbehrt der Ganzheit, des Runden, der Einheit. Wenn der erhabene Gotama lehrend von der Welt sprach, so mußte er sie teilen in Sansara und Nirwana, in Täuschung und Wahrheit, in Leid und Erlösung. Man kann nicht anders, es gibt keinen andern Weg für den, der lehren will. Die Welt selbst aber, das Seiende um uns her und in uns innen, ist nie einseitig. Nie ist ein Mensch oder eine Tat, ganz Sansara oder ganz Nirwana, nie ist ein Mensch ganz heilig oder ganz sündig. Es scheint ja so, weil wir der Täuschung unterworfen sind, daß Zeit etwas Wirkliches sei. Zeit ist nicht wirklich, Govinda, ich habe dies oft und oft erfahren. Und wenn Zeit nicht wirklich ist, so ist die Spanne, die zwischen Welt und Ewigkeit, zwischen Leid und Seligkeit, zwischen Böse und Gut zu liegen scheint, auch eine Täuschung.“
Hermann Hesse
Siddhartha, 57ª Ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2005. p. 113-114.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011
Temos tempo (Wir haben Zeit) - Fön
Nascer do Sol segunda-feira no Monte Evereste, quarta-feira no Amazonas e sexta já no Ártico. Nós éramos o jetset, o viajante dos extremos, balançados sobre as latitudes; os meridianos há muito nos abandonaram.
Estamos caminhando sobre os Alpes, plantando bananeira nos Andes e de pés atados através do Canal da Mancha; indo e vindo e indo e vindo e indo e vindo e indo e vindo. Até que pensamos que cresceriam membranas entre os nossos dedos, e então saímos ligeiros das ondas, rapidamente nos secamos e já partimos adiante, de patins através do deserto de Gobi, de cadeiras-de-rodas pela Sibéria, num bote inflável subindo as Cataratas do Niágara e sobre pernas-de-pau Grand Canyon abaixo. De olhos vendados, vestidos apenas com um chapéu de palha – “senão não vai quicar direito”, como você sempre disse.
E passamos todo aquele tempo contando piadas sujas que todos nós já conhecíamos, e rindo delas mesmo assim, o que mais deveríamos fazer? Lá, tínhamos apenas a nós mesmos e a plenitude.
Hemisfericamente, foram-nos tundra e taiga, Terras Altas e Baixas, todos os quatro pontos cardeais, cinco continentes, seis mil e sete oceanos de uma só vez.
E nós nunca colocamos isso em questão, esse era o nosso plano de vida.
„Hey! Diversão é o que fazemos dela!“, você sempre dizia e ria-se.
O mundo era pequeno demais para você. Você queria um Novo, um Maior.
E eu dizia “Vamos ver… talvez no Natal”.
E você ainda se lembra do pequeno atol do Pacífico, sobre o qual nos deixamos boiar? Sem nada mais além de um canivete e um bom livro? Você era o lobo da estepe e eu, o jogo das contas de vidro, e então trocamos depois de algumas semanas.
E você ainda se lembra de como utilizamos os nossos fios de cabelo para costurar uma rede para pescar? Horas a fio ficamos inertes nas águas rasas do Pacífico e estávamos tão felizes. Tão felizes que nem pescamos e apenas pudemos envergar uma espinha de peixe. Nós éramos o peixe, éramos a água; éramos a parte, e o todo.
E você ainda se lembra do gosto de mão de chimpanzé? E ainda se lembra do deslizar engraçado das minhocas, e de como a casca dos escorpiões estala entre os nossos dentes?
Você ainda se lembra da Zâmbia? Ainda se lembra do Zimbábue, da Tanzânia, do Quênia, de Moçambique, dos safáris, dos imensos rebanhos de zebras? Ainda se lembra da família de leões, da qual nós nos tornamos amigos, e junto com a qual sentávamos todas as noites sob a sua árvore da savana para discutir sobre política? Ainda se lembra das nossas lágrimas à hora da partida, do nosso “sim claro, voltaremos para lhes visitar em breve”. Claro que nunca o fizemos. Tivemos que seguir adiante, tínhamos ainda tanto pela frente, como você mesmo sabe. Você bem sabe, você bem sabe. Mergulho nas águas geladas na Groelândia e então deitarmo-nos nus sobre peles frescas de urso polar e olhar para as estrelas, até ficarmos tontos diante do Infinito, do Frio, da Natureza e da Aventura. Nós sabíamos que aquele era o tempo certo e o lugar exato para nossa pele de couro verdadeiro, nossos pensamentos tão ridiculamente corretos, tão extraordinariamente consistentes com tudo.
E nós nunca colocamos isso em questão, esse era o nosso plano de vida.. “Liberdade! Liberdade é a única coisa que conta!”, você sempre dizia, e ria. O mundo era pequeno demais para você. Você queria um Novo, um Maior.
E eu dizia “Vamos ver… talvez no Natal”.
Esse Natal nunca aconteceu, como bem sabemos.
Em nenhum lugar havia o cansaço. Sim, ainda viajamos por mais alguns meses, por mais alguns anos. Mannheim, Würzburg, Augsburg, Bamberg, Passau, Wuppertal, Ibbenbühren, Gütersloh, Rheda-Wiedenbrück, esses lugares mágicos.
Os esparsamente abarrotados distritos da cidade e Volkshochschulen, os slideshows, as esposas de dentistas e os aposentados e os conselhos estudantis que sopram à distância.
“Sim Galápagos, lá também estivemos no ano passado, naquele hotel bem asseado, perto da praia” – e no começo, ainda berramos para eles “Hotel? Hotel?! Nós estávamos felizes quando tínhamos uma tenda, nós estávamos felizes quando, depois de algumas semanas, ainda podíamos reconhecer a cor do cabelo dos outros, porque, sob toda aquela sujeira, nada mais se enxergava”. Mas em algum momento não mais gritávamos e apenas anuíamos com a cabeça, e deixávamo-nos convidar pelos aposentados para o vinho tinto. E agora isso também já era passado; agora nós temos tempo; tempo oh yeah, nós o temos.
Tempo para ferver a sopa, tempo para capinar a erva daninha, tempo para palavras cruzadas, tempo para fumar o cachimbo, tempo para fazer iogurte caseiro, para rearranjar os livros, tempo para montar os álbuns de fotografia, tempo para si mesmo. Tempo para ovos no café-da-manhã, tempo para se exercitar, tempo para uma máquina fotográfica, tempo para os amigos, tempo para passar as camisas a ferro, para barbear-se com a pele molhada, tempo para brigar, para entediar-se, tempo para finalmente aprender a tocar um instrumento musical. Tempo para micro-ondas, tempo para a música refinada que realmente se deve ouvir, tempo para tirar o pó também daquela parte de cima das portas, tempo para as instalações do quarto, tempo para vaidade, tempo para dizer “mas já não é mesmo finalmente hora de se ter tempo de verdade de novo?”. Tempo para experimentar novas cores de cabelo, tempo para um intercâmbio intercultural, tempo para handball, para vinho tinto, para a dor nas costas, tempo para frivolidades, tempo para pesquisas genealógicas, para línguas estrangeiras. Tempo para as crianças. Tempo para as séries, tempo para listas de compras, tempo para budismo, para ir ao museu, tempo para compartilhar, para preocupar-se com o próximo, tempo para a poesia, tempo para exercitar a memória. Tempo para recordar o passado. Tempo para ir-se.
FÖN, Wir haben Zeit (álbum), 2004.
Tradução livre: Nathalie Gazzaneo*
*Colaboradora
Montag Sonnenaufgang auf dem Mount Everest, Mittwoch am Amazonas und Freitag schon in der Arktis. Wir waren das extremreisende Jetset, balancierten auf den Breitengraden, die Zeitzonen hatten uns längst aufgegeben.
Wir sind zu Fuß über die Alpen, auf den Händen über die Anden und mit zusammengebundenen Füßen durch den Ärmelkanal hin und zurück und hin und zurück und hin und zurück und hin und zurück. Bis wir glaubten das uns Schwimmhäute wachsen würden, dann raus aus den Wellen, kurz abgetrocknet und schon ging es weiter mit Inline-Skates durch die Wüste Gobi im Rollstuhl durch Sibirien, im Schlauchboot die Niagarafälle rauf und auf Stelzen den Grand Canyon hinunter. Mit verbundenen Augen, nur mit einem Strohhut bekleidet – „sonst kickt es nicht richtig“ hast du immer gesagt.
Und wir haben uns dabei die ganze Zeit dreckige Witze erzählt, die wir alle schon kannten, aber gelacht haben wir trotzdem, was sollten wir auch tun? Wir hatten doch nur uns und das reichlich.
Hemisphärisch waren uns Tundra und Taiga, Highlands und Lowlands, alle vier Himmelsrichtungen, 5 Kontinente, 6 Tausender und 7 Weltmeere auf einmal.
Und wir haben das nie infrage gestellt, das war unser Lebensentwurf.
„Hey! Spaß ist was wir draus machen!“, hast du immer gesagt und gelacht.
Die Welt war dir viel zu klein, du wolltest eine neue, eine größere.
Und ich hab gesagt: „Na mal sehen, vielleicht zu Weihnachten.“
Und weißt du noch das kleine Pazifik-Atoll auf dem wir uns aussetzen ließen? Mit nichts außer einem Taschenmesser und einem guten Buch? Du den Steppenwolf und ich das Glasperlenspiel und dann haben wir getauscht nach ein paar Wochen.
Und weißt du noch, wie wir unsere Haare zum Fischen zu einem Netz verknüpft haben? Stundenlang standen wir regungslos im seichten Pazifikwasser und waren so glücklich. So glücklich, dass wir keinem Fisch auch nur eine Gräte krümmen konnten. Wir waren der Fisch, wir waren das Wasser, wir waren der Teil und das Ganze.
Und weißt du noch, wie Schimpansenhand schmeckt? Weißt du noch wie lustig Regenwürmer die Kehle hinunterschlüpfen, wie Skorpionpanzer zwischen den Zähnen knacken?
Weißt du noch Sambia? Weißt du noch Simbabwe, Tansania, Kenia, Mosambik, die Safaris, die riesigen Zebraherden? Weißt du noch die Löwenfamilie, mit der wir uns anfreundeten und jeden Abend unter ihrem Savannenbaum saßen, um über Politik zu reden? Weißt du noch unsere Tränen beim Abschied, unser „Ja, klar kommen wir euch bald wieder besuchen“, natürlich haben wir das nie getan. Mussten doch weiter, hatten doch noch so viel vor, weißt du noch. Weißt du noch, weißt du noch, Eistauchen in Grönland und dann nackt auf frisch gehäuteten Eisbärfellen liegen und in die Sterne schauen, bis uns ganz schwindelig wurde vor Unendlichkeit, vor Kälte und Natur und Abenteuer. Wir wussten, dass das die richtige Zeit war und der richtige Ort um unsere Haut auf so richtig Leder, unsere Gedanken so lächerlich richtig, so ungemein im Einklang mit allem.
Und wir haben das nie infrage gestellt, das war unser Lebensentwurf. „Freiheit, Freiheit ist das Einzige was zählt!“, hast du immer gesagt und gelacht. Die Welt war dir viel zu klein, du wolltest eine neue, eine größere.
Und ich hab gesagt „Na mal sehen, vielleicht zu Weihnachten.“
Dieses Weihnachten hat es nie gegeben, das wissen wir beide.
Nirgends war die Müdigkeit, ja gereist das sind wir noch ein paar Monate, ein paar Jahre. Mannheim, Würzburg, Augsburg, Bamberg, Passau, Wuppertal, Ibbenbühren, Gütersloh, Rheda-Wiedenbrück, diese magischen Orte.
Die spärlich gefüllten Stadteile und Volkshochschulen, die Diavorträge, die Zahnarztfrauen und Rentner und fernwehenden Studienräte.
„Ja Galapagos, da waren wir auch letztes Jahr, in diesem sauberen Hotel gleich beim Strand“- und am Anfang, da haben wir sie noch angebrüllt: „Hotel? Hotel?!“. Wir waren froh, wenn wir ein Zelt hatten, wir waren froh, wenn wir nach ein paar Wochen noch die Haarfarbe des anderen kannten, weil man unter all dem Dreck gar nichts mehr sah aber das haben wir irgendwann nicht mehr gebrüllt und nur noch genickt und uns von den Rentnern zum Rotwein einladen lassen. Und jetzt war auch das vorbei, jetzt haben wir Zeit, Zeit oh ja, die haben wir.
Zeit zum Suppen kochen, Zeit zum Unkraut jäten, Zeit für Kreuzworträtsel, Zeit zum Pfeife rauchen, Zeit zum Joghurt selber machen, zum Bücher umsortieren, Zeit zum Fotoalben anlegen, Zeit für sich selbst. Zeit für Frühstückseier, Zeit zum Fitnesstraining, Zeit für eine Videokamera, Zeit für Freundschaften, Zeit zum Hemden bügeln, zum Nassrasieren, Zeit zum Streiten, zum Langweilen, Zeit endlich mal ein Instrument zu lernen. Zeit für Mikrowellen, Zeit für anspruchsvolle Musik in die man sich erst so richtig reinhören muss, Zeit zum Staubwischen auch ganz oben auf den Türen, Zeit für Rauminstallation, Zeit für Eitelkeit, Zeit zu sagen: „Ist es nicht schön endlich mal wieder so richtig Zeit zu haben?“, Zeit mit der Haarfarbe zu experimentieren, Zeit für interkulturellen Austausch, Zeit für Handball, für Rotwein, für Rückenprobleme, Zeit für Frivolitäten, Zeit für Ahnenforschung, für Fremdsprachen, Zeit für die Kinder, Zeit für Serien, Zeit für Einkaufslisten, Zeit für Buddhismus, für Museumsbesuche, Zeit zum Teilen, zum Sorgen, Zeit für Lyrik, Zeit für Gedächtnistraining. Zeit zum Zurückruf. Zeit zu gehen.
FÖN, Wir haben Zeit (Album), 2004.
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sábado, 30 de julho de 2011
Como o medo da islamização ameaça a Europa (Wie die Angst vor der Islamisierung Europa bedroht)
*Thorbjørn Jagland
O assassino Breivik é cristão, mas as semelhanças entre ele e o terror do Oriente muçulmano são evidentes. Não se fala, apesar disso, em um terrorismo cristão. Isso é bom, apenas não se deveria mais se chamar atentados cometidos por muçulmanos de “terrorismo islâmico”.
Desde os ataques em Oslo e em Utøya, inúmeros jornalistas me perguntaram: O que irá acontecer na Noruega? Poderemos ainda reconhecer o país depois de tudo? E poderia ocorrer algo semelhante em outros países?
Respondi então, primeiro, que a Noruega permanecerá reconhecível. A Noruega irá permanecer uma sociedade aberta, caracterizada pela tolerância e pela luta em prol dos direitos humanos e da paz. Eu ainda acredito. Como aprendi, porém, mais sobre terroristas, comecei a acrescentar: eu também espero que a Noruega não esteja mais inalterada como antes. Devemos nos tornar mais conscientes do que é o terrorismo, de onde ele vem e - não menos importante - de como podemos falar sobre ele.
Depois de tudo o que aconteceu, não deveria ser mais possível, por exemplo, chamar os atentados cometidos por muçulmanos de “terrorismo islâmico”. Nem em sonho se chegaria a taxar Breivik de terrorista cristão, simplesmente porque ele se vê como cristão. A violência do IRA na Irlanda do Norte jamais foi chamada de cristã. Os atos de muçulmanos, entretanto, vinculamos imediatamente ao islã como religião; o conceito do islamismo radical floresceu no debate norueguês. Breivik, porém, representa um cristianismo radical?
Não, não é isso. Temos que libertar, em primeiro lugar, a religião desse fardo: nem no cristianismo, nem no islamismo existe algo que justifique o terrorismo. Se as religiões são, entretanto, descritas como potencialmente terroristas, então é a “mentalidade das cruzadas” que alimenta isso. Quando, exclusivamente por meio do uso de palavras, relacionamos islamismo com terrorismo, polarizamos o debate; o medo dos muçulmanos e da islamização são a consequência. Como em um pesadelo, esse medo galopa Europa afora - essa é para mim a maior ameaça interna que enfrentamos.
BREIVIK NÃO É DIFERENTE DE HITLER
Os políticos dizem que o multiculturalismo teria falhado; seria desnecessário dizer que a consequência dessa percepção significa, em última análise, que muçulmanos e outros que não se adaptam teriam que partir. Um ministro francês chegou até a dizer que mal se podia andar de ônibus “por causa desses muçulmanos todos”. Aonde ele queria chegar com isso? Para alguém como Breivik, isso é um convite a dar a resposta que ele deu. Breivik já se enxerga como salvador idealista. Ele matou para nos salvar do perigo muçulmano.
Tenho lido que alguns investigadores entendem que não se deve utilizar as velhas teorias sobre radicalismo para se categorizar Breivik - porque ele se distancia de Hitler, porque ele demonstra simpatia por Israel. Ainda assim: ele não é diferente de Hitler. Ele iria, se pudesse, limpar a Europa de muçulmanos da mesma forma como Hitler a quis tornar “livre de judeus”.
Também são evidentes as semelhanças entre o terror de Breivik e o do Oriente muçulmano. A mesma visão estimula Breivik e a Al-Qaeda: livrar o próprio mundo dos invasores. Os métodos também são os mesmos, a violência impiedosa, mesmo contra aqueles da própria comunidade, vistos como traidores. De fato, nos países islâmicos, muito mais muçulmanos pereceram, vítimas dessa forma de violência do que estrangeiros - e Breivik não atacou nenhum muçulmano, mas aqueles que eram favoráveis a que muçulmanos vivessem aqui.
O MULTICULTURALISMO VEIO PARA FICAR
Por isso, vamos libertar a religião dos cruzados; impedir que eles possam se associar com a religião por meio do nosso uso da linguagem! Todos os líderes religiosos que trabalham para a reconciliação das religiões têm de se apoiar e encorajar uns aos outros. Os políticos também devem assumir mais responsabilidade. Por isso que, como Secretário-Geral do Conselho da Europa, convoquei um “Grupo de Sábios” para analisar como podemos conviver em um mundo multicultural, dirigido pelo então ministro alemão de Relações Exteriores Joschka Fischer. Visitei com o grupo várias capitais europeias para apresentar seu relatório “Convivência na Europa do Século XXI”.
Ocorreu-me quanto peso os interlocutores davam à responsabilidade dos políticos e da mídia, o quanto frisavam sua responsabilidade para explicar às pessoas a realidade: o multiculturalismo veio para ficar; A Europa sempre foi um continente de muitas religiões e etnias. E sempre que não fomos capazes de conviver com esse fato, ele nos levou às catástrofes mais terríveis. Daí porque não devemos apenas aceitar a multiculturalidade, temos que mudar a nossa forma de pensar, a nossa mentalidade: temos que aprender a ver os benefícios da nossa diversidade.
Também defendo a expansão do conceito europeu de segurança, que tem focado principalmente assuntos militares. Chamei isso de “segurança profunda”, ela depende de como somos capazes de conviver sem escalar conflitos. Tal segurança está profundamente ancorada na sociedade. A base para isso são os valores que unem a todos nós na Europa, consagrados na Convenção Europeia de Direitos Humanos. Eles contêm direitos e deveres: você tem o direito de proteger a sua identidade étnica e religiosa, mas você tem o dever de respeitar os valores comuns europeus.
O NACIONALISMO EM NOVA FORMA
A Europa recebeu uma advertência da Noruega. Provavelmente, Breivik agiu sozinho. Receio, entretanto, que tenha criado uma tendência. Enquanto todos nós falávamos sobre muçulmanos e islamismo radical, essa tendência se formou em silêncio. Vemos o nacionalismo em nova forma, mas também vale para ele o velho ditado: o nacionalismo é o mal e leva ao mal.
A Chanceler alemã Angela Merkel disse algo bem importante: a xenofobia é um desafio europeu. E, portanto, também é acertado que o Primeiro-Ministro norueguês Jens Stoltenberg tenha sinalizado exatamente o oposto ao Presidente Norte-Americano George W. Bush após o 11 de Setembro de 2001, cuja mensagem de retribuição foi: “ou você está comigo ou contra mim”, o que dividiu o mundo.
Por isso seu sucessor Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz, porque ele imediatamente começou a construir pontes. A Europa deveria seguir o curso de Stoltenberg de construir pontes na sociedade, apoiada por nossas instituições democráticas. Não podemos mudar Breivik, mas nossa segurança está nas relações humanas que somos capazes de construir.
*O norueguês Thorbjørn Jagland, 60 anos, é Secretário-Geral do Conselho da Europa e dirige em Oslo o comitê que confere o Prêmio Nobel da Paz.
Extraído do Süddeutsche Zeitung de 29 de julho de 2011.
Copyright: sueddeutsche.de GmbH / Süddeutsche Zeitung GmbH
*Thorbjørn Jagland
*Thorbjørn Jagland
Der Attentäter Breivik ist Christ, doch die Ähnlichkeiten zwischen ihm und dem Terror aus dem muslimischen Orient sind evident. Trotzdem spricht keiner von christlichem Terrorismus. Das ist gut, nur sollte endlich keiner mehr Attentate, die Muslime begehen, "islamischen Terrorismus" nennen.
Seit den Anschlägen in Oslo und Utøya haben mich unzählige Journalisten gefragt: Was wird geschehen in Norwegen? Werden wir das Land nach all dem noch wiedererkennen können? Und könne Ähnliches auch in anderen Ländern passieren?
Ich habe dann zunächst geantwortet, dass Norwegen wiedererkennbar bleiben wird. Norwegen wird eine offene Gesellschaft bleiben, gekennzeichnet von Toleranz und dem Kampf für Menschenrechte und Frieden. Das glaube ich immer noch. Doch als ich mehr über den Terroristen erfuhr, begann ich hinzuzufügen: Ich hoffe auch, dass Norwegen nicht mehr unverändert so sein wird wie zuvor. Wir müssen uns stärker darüber bewusst werden, was Terrorismus ist, woher er kommt und - nicht zuletzt - wie wir über ihn sprechen.
Nach all dem sollte es zum Beispiel nicht mehr möglich sein, Attentate, die Muslime begehen, "islamischen Terrorismus" zu nennen. Im Traum würde niemand darauf kommen, Breivik als christlichen Terroristen zu bezeichnen, bloß weil er sich selber als Christen sieht. Nie haben wir die Gewalt der IRA in Nordirland christlich genannt. Die Taten von Muslimen aber haben wir sofort mit dem Islam als Religion verbunden; der Begriff vom radikalen Islam blühte in der norwegischen Debatte. Aber steht Breivik für ein radikales Christentum?
Nein, das tut er nicht. Wir müssen also als Erstes die Religion von dieser Last befreien: Weder im Christentum noch im Islam gibt es irgendetwas, das Terrorismus rechtfertigt. Wenn Religionen trotzdem als potentiell terroristisch beschrieben werden, dann fördert das die Kreuzzugsmentalität. Wenn wir, allein durch den Wortgebrauch, den Islam mit Terrorismus verbinden, polarisieren wir die Debatte; die Angst vor Muslimen und vor der Islamisierung sind die Folge. Wie in einem Albtraum galoppiert diese Angst durch Europa - dies ist für mich die größte innere Bedrohung, vor der wir stehen.
BREIVIK IST NICHT ANDERS ALS HITLER
Politiker reden davon, dass der Multikulturalismus gescheitert sei; überflüssig zu sagen, dass die Konsequenz dieser Sichtweise letztlich bedeutet, dass Muslime und andere, die sich nicht anpassen, zu gehen hätten. Ein französischer Minister hat sogar schon gesagt, man könne kaum noch Bus fahren - wegen all dieser Muslime. Was wollte er damit erreichen? Für jemanden wie Breivik ist das eine Einladung, die Antwort zu geben, die er gegeben hat. Breivik sieht sich als idealistischer Retter. Er tötet, um uns alle vor der muslimischen Gefahr zu retten.
Ich lese, dass manche Ermittler sagen, man sollte Breivik nicht mit den alten Radikalismus-Theorien kategorisieren - weil er sich von Hitler distanziert, weil er Sympathie für Israel zeigt. Aber doch: Er ist nicht anders als Hitler. Er würde, wenn er könnte, Europa in gleicher Weise von Muslimen säubern, wie Hitler Europa "judenfrei" machen wollte.
Es sind auch die Ähnlichkeiten zwischen Breiviks Terror und dem aus dem muslimischen Orient evident. Breivik und al-Qaida treibt dieselbe Vision: die eigene Welt von Eindringlingen zu befreien. Auch die Methoden sind die gleichen, die mitleidlose Gewalt, auch gegen diejenigen der eigenen Gemeinschaft, die man als Verräter sieht. Es sind ja in den muslimischen Ländern viel mehr Muslime dieser Form der Gewalt zum Opfer gefallen als Ausländer - und auch Breivik attackierte keine Muslime, sondern jene, die dafür waren, dass Muslime hier leben.
DER MULTIKULTURALISMUS IST HIER, UM ZU BLEIBEN
So lasst uns die Religion von den Kreuzzüglern befreien; verhindern wir, dass sie sich durch unseren Sprachgebrauch mit der Religion verbinden können! Alle religiösen Führer, die für die Versöhnung der Religionen arbeiten, müssen sich gegenseitig unterstützen und ermutigen. Auch die Politiker müssen mehr Verantwortung übernehmen. Deshalb hatte ich als Generalsekretär des Europarats eine "Gruppe der Weisen" einberufen, um zu analysieren, wie wir in einer multikulturellen Welt zusammenleben können, geleitet vom ehemaligen deutschen Außenminister Joschka Fischer. Zahlreiche europäische Hauptstädte habe ich mit der Gruppe besucht, um deren Bericht "Zusammenleben im Europa des 21. Jahrhunderts" vorzustellen.
Es hat mich getroffen, wie viel Gewicht alle Gesprächspartner der Verantwortung von Politikern und Medien gaben, wie sehr sie deren Verantwortung betonten, den Menschen die Wirklichkeit zu erklären: Der Multikulturalismus ist hier, um zu bleiben; Europa war schon immer ein Kontinent der vielen Religionen und Ethnien. Und immer, wenn wir es nicht schafften, damit zu leben, führte dies zu den furchtbarsten Katastrophen. Wir müssen deshalb Multikulturalität nicht nur hinnehmen. Wir müssen unsere Denkweisen, unsere Mentalität ändern: Wir müssen die Vorteile aus unserer Verschiedenheit sehen lernen.
Ich bin auch dafür eingetreten, das europäische Sicherheitskonzept zu erweitern, das sich vor allem auf militärische Dinge fokussiert. Ich habe dies die "tiefe Sicherheit" genannt; sie hängt davon ab, wie wir zusammenleben können, ohne dass Konflikte eskalieren. Eine solche Sicherheit ist tief in der Gesellschaft verankert. Die Basis dafür sind die Werte, die uns alle in Europa verbinden, niedergelegt in der europäischen Menschenrechtskonvention. Rechte enthalten sie und Pflichten: Du hast das Recht, deine religiöse und ethnische Identität zu wahren. Aber du hast die Pflicht, die gemeinsamen europäischen Werte zu achten.
NATIONALISMUS IN NEUER FORM
Europa hat eine Warnung aus Norwegen erhalten. Wahrscheinlich hat Breivik alleine gehandelt, ich fürchte aber, er hat einen Trend gesetzt. Während wir alle eifrig über Muslime und radikalen Islam geredet haben, hat dieser Trend sich in aller Stille geformt. Wir sehen einen Nationalismus in neuer Form, aber auch für ihn gilt das alte Sprichwort: Nationalismus ist von Übel und führt zu Übel.
Bundeskanzlerin Angela Merkel hat etwas sehr Wichtiges gesagt: Ausländerhass ist eine europäische Herausforderung. Und deshalb ist es auch richtig, dass Norwegens Premierminister Jens Stoltenberg exakt das gegenteilige Zeichen gesetzt hat als der amerikanische Präsident George W. Bush nach dem 11. September 2001. Dessen Botschaft der Vergeltung war: Sei für mich, oder du bist gegen mich. Das hat die Welt gespalten.
Sein Nachfolger Barack Obama erhielt auch deshalb den Friedensnobelpreis, weil er sofort begann, Brücken zu bauen. Europa sollte dem Kurs Stoltenbergs folgen, Brücken in der Gesellschaft zu bauen, unterstützt durch unsere demokratischen Institutionen. Breivik können wir nicht ändern. Unsere Sicherheit aber liegt in den menschlichen Beziehungen, die aufzubauen wir fähig sind.
*Der Norweger Thorbjørn Jagland, 60, ist Generalsekretär des Europarats und leitet in Oslo das Komitee, das den Friedensnobelpreis vergibt. (Übersetzung: Matthias Drobinski)
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quarta-feira, 15 de junho de 2011
Eu, o Sobrevivente (Ich, der Überlebende)
Claro que eu sei: só por sorte
Sobrevivi a tantos amigos. Hoje à noite, porém, em sonho
Escutei esses meus amigos dizerem: "Os mais fortes sobrevivem"
E eu me detestei.
Bertolt Brecht
Habe ich so viele Freunde überlebt. Aber heute nacht im Traum
Hörte ich diese Freunde von mir sagen: »Die Stärkeren überleben«
Und ich haßte mich.
Bertolt Brecht
Poemas de 1941-1947. In: Gedichte, 12a. ed. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004. p. 882.
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