sábado, 30 de julho de 2011

Como o medo da islamização ameaça a Europa (Wie die Angst vor der Islamisierung Europa bedroht)

*Thorbjørn Jagland
O assassino Breivik é cristão, mas as semelhanças entre ele e o terror do Oriente muçulmano são evidentes. Não se fala, apesar disso, em um terrorismo cristão. Isso é bom, apenas não se deveria mais se chamar atentados cometidos por muçulmanos de “terrorismo islâmico”.
Desde os ataques em Oslo e em Utøya, inúmeros jornalistas me perguntaram: O que irá acontecer na Noruega? Poderemos ainda reconhecer o país depois de tudo? E poderia ocorrer algo semelhante em outros países?
Respondi então, primeiro, que a Noruega permanecerá reconhecível. A Noruega irá permanecer uma sociedade aberta, caracterizada pela tolerância e pela luta em prol dos direitos humanos e da paz. Eu ainda acredito. Como aprendi, porém, mais sobre terroristas, comecei a acrescentar: eu também espero que a Noruega não esteja mais inalterada como antes. Devemos nos tornar mais conscientes do que é o terrorismo, de onde ele vem e - não menos importante - de como podemos falar sobre ele.
Depois de tudo o que aconteceu, não deveria ser mais possível, por exemplo, chamar os atentados cometidos por muçulmanos de “terrorismo islâmico”. Nem em sonho se chegaria a taxar Breivik de terrorista cristão, simplesmente porque ele se vê como cristão. A violência do IRA na Irlanda do Norte jamais foi chamada de cristã. Os atos de muçulmanos, entretanto, vinculamos imediatamente ao islã como religião; o conceito do islamismo radical floresceu no debate norueguês. Breivik, porém, representa um cristianismo radical?
Não, não é isso. Temos que libertar, em primeiro lugar, a religião desse fardo: nem no cristianismo, nem no islamismo existe algo que justifique o terrorismo. Se as religiões são, entretanto, descritas como potencialmente terroristas, então é a “mentalidade das cruzadas” que alimenta isso. Quando, exclusivamente por meio do uso de palavras, relacionamos islamismo com terrorismo, polarizamos o debate; o medo dos muçulmanos e da islamização são a consequência. Como em um pesadelo, esse medo galopa Europa afora - essa é para mim a maior ameaça interna que enfrentamos.
BREIVIK NÃO É DIFERENTE DE HITLER
Os políticos dizem que o multiculturalismo teria falhado; seria desnecessário dizer que a consequência dessa percepção significa, em última análise, que muçulmanos e outros que não se adaptam teriam que partir. Um ministro francês chegou até a dizer que mal se podia andar de ônibus por causa desses muçulmanos todos. Aonde ele queria chegar com isso? Para alguém como Breivik, isso é um convite a dar a resposta que ele deu. Breivik já se enxerga como salvador idealista. Ele matou para nos salvar do perigo muçulmano.
Tenho lido que alguns investigadores entendem que não se deve utilizar as velhas teorias sobre radicalismo para se categorizar Breivik - porque ele se distancia de Hitler, porque ele demonstra simpatia por Israel. Ainda assim: ele não é diferente de Hitler. Ele iria, se pudesse, limpar a Europa de muçulmanos da mesma forma como Hitler a quis tornar “livre de judeus”.
Também são evidentes as semelhanças entre o terror de Breivik e o do Oriente muçulmano. A mesma visão estimula Breivik e a Al-Qaeda: livrar o próprio mundo dos invasores. Os métodos também são os mesmos, a violência impiedosa, mesmo contra aqueles da própria comunidade, vistos como traidores. De fato, nos países islâmicos, muito mais muçulmanos pereceram, vítimas dessa forma de violência do que estrangeiros - e Breivik não atacou nenhum muçulmano, mas aqueles que eram favoráveis a que muçulmanos vivessem aqui.
O MULTICULTURALISMO VEIO PARA FICAR
Por isso, vamos libertar a religião dos cruzados; impedir que eles possam se associar com a religião por meio do nosso uso da linguagem! Todos os líderes religiosos que trabalham para a reconciliação das religiões têm de se apoiar e encorajar uns aos outros. Os políticos também devem assumir mais responsabilidade. Por isso que, como Secretário-Geral do Conselho da Europa, convoquei um “Grupo de Sábios” para analisar como podemos conviver em um mundo multicultural, dirigido pelo então ministro alemão de Relações Exteriores Joschka Fischer. Visitei com o grupo várias capitais europeias para apresentar seu relatório “Convivência na Europa do Século XXI”.
Ocorreu-me quanto peso os interlocutores davam à responsabilidade dos políticos e da mídia, o quanto frisavam sua responsabilidade para explicar às pessoas a realidade: o multiculturalismo veio para ficar;  A Europa sempre foi um continente de muitas religiões e etnias. E sempre que não fomos capazes de conviver com esse fato, ele nos levou às catástrofes mais terríveis. Daí porque não devemos apenas aceitar a multiculturalidade, temos que mudar a nossa forma de pensar, a nossa mentalidade: temos que aprender a ver os benefícios da nossa diversidade.
Também defendo a expansão do conceito europeu de segurança, que tem focado principalmente assuntos militares. Chamei isso de “segurança profunda”, ela depende de como somos capazes de conviver sem escalar conflitos. Tal segurança está profundamente ancorada na sociedade. A base para isso são os valores que unem a todos nós na Europa, consagrados na Convenção Europeia de Direitos Humanos. Eles contêm direitos e deveres: você tem o direito de proteger a sua identidade étnica e religiosa, mas você tem o dever de respeitar os valores comuns europeus.
O NACIONALISMO EM NOVA FORMA
A Europa recebeu uma advertência da Noruega. Provavelmente, Breivik agiu sozinho. Receio, entretanto, que tenha criado uma tendência. Enquanto todos nós falávamos sobre muçulmanos e islamismo radical, essa tendência se formou em silêncio. Vemos o nacionalismo em nova forma, mas também vale para ele o velho ditado: o nacionalismo é o mal e leva ao mal.
A Chanceler alemã Angela Merkel disse algo bem importante: a xenofobia é um desafio europeu. E, portanto, também é acertado que o Primeiro-Ministro norueguês Jens Stoltenberg tenha sinalizado exatamente o oposto ao Presidente Norte-Americano George W. Bush após o 11 de Setembro de 2001, cuja mensagem de retribuição foi: “ou você está comigo ou contra mim”, o que dividiu o mundo.
Por isso seu sucessor Barack Obama recebeu o Prêmio Nobel da Paz, porque ele imediatamente começou a construir pontes. A Europa deveria seguir o curso de Stoltenberg de construir pontes na sociedade, apoiada por nossas instituições democráticas. Não podemos mudar Breivik, mas nossa segurança está nas relações humanas que somos capazes de construir.
*O norueguês Thorbjørn Jagland, 60 anos, é Secretário-Geral do Conselho da Europa e dirige em Oslo o comitê que confere o Prêmio Nobel da Paz.


Extraído do Süddeutsche Zeitung de 29 de julho de 2011. 
Copyright: sueddeutsche.de GmbH / Süddeutsche Zeitung GmbH


*Thorbjørn Jagland

Der Attentäter Breivik ist Christ, doch die Ähnlichkeiten zwischen ihm und dem Terror aus dem muslimischen Orient sind evident. Trotzdem spricht keiner von christlichem Terrorismus. Das ist gut, nur sollte endlich keiner mehr Attentate, die Muslime begehen, "islamischen Terrorismus" nennen.


Seit den Anschlägen in Oslo und Utøya haben mich unzählige Journalisten gefragt: Was wird geschehen in Norwegen? Werden wir das Land nach all dem noch wiedererkennen können? Und könne Ähnliches auch in anderen Ländern passieren?

Ich habe dann zunächst geantwortet, dass Norwegen wiedererkennbar bleiben wird. Norwegen wird eine offene Gesellschaft bleiben, gekennzeichnet von Toleranz und dem Kampf für Menschenrechte und Frieden. Das glaube ich immer noch. Doch als ich mehr über den Terroristen erfuhr, begann ich hinzuzufügen: Ich hoffe auch, dass Norwegen nicht mehr unverändert so sein wird wie zuvor. Wir müssen uns stärker darüber bewusst werden, was Terrorismus ist, woher er kommt und - nicht zuletzt - wie wir über ihn sprechen.

Nach all dem sollte es zum Beispiel nicht mehr möglich sein, Attentate, die Muslime begehen, "islamischen Terrorismus" zu nennen. Im Traum würde niemand darauf kommen, Breivik als christlichen Terroristen zu bezeichnen, bloß weil er sich selber als Christen sieht. Nie haben wir die Gewalt der IRA in Nordirland christlich genannt. Die Taten von Muslimen aber haben wir sofort mit dem Islam als Religion verbunden; der Begriff vom radikalen Islam blühte in der norwegischen Debatte. Aber steht Breivik für ein radikales Christentum?

Nein, das tut er nicht. Wir müssen also als Erstes die Religion von dieser Last befreien: Weder im Christentum noch im Islam gibt es irgendetwas, das Terrorismus rechtfertigt. Wenn Religionen trotzdem als potentiell terroristisch beschrieben werden, dann fördert das die Kreuzzugsmentalität. Wenn wir, allein durch den Wortgebrauch, den Islam mit Terrorismus verbinden, polarisieren wir die Debatte; die Angst vor Muslimen und vor der Islamisierung sind die Folge. Wie in einem Albtraum galoppiert diese Angst durch Europa - dies ist für mich die größte innere Bedrohung, vor der wir stehen.

BREIVIK IST NICHT ANDERS ALS HITLER

Politiker reden davon, dass der Multikulturalismus gescheitert sei; überflüssig zu sagen, dass die Konsequenz dieser Sichtweise letztlich bedeutet, dass Muslime und andere, die sich nicht anpassen, zu gehen hätten. Ein französischer Minister hat sogar schon gesagt, man könne kaum noch Bus fahren - wegen all dieser Muslime. Was wollte er damit erreichen? Für jemanden wie Breivik ist das eine Einladung, die Antwort zu geben, die er gegeben hat. Breivik sieht sich als idealistischer Retter. Er tötet, um uns alle vor der muslimischen Gefahr zu retten.

Ich lese, dass manche Ermittler sagen, man sollte Breivik nicht mit den alten Radikalismus-Theorien kategorisieren - weil er sich von Hitler distanziert, weil er Sympathie für Israel zeigt. Aber doch: Er ist nicht anders als Hitler. Er würde, wenn er könnte, Europa in gleicher Weise von Muslimen säubern, wie Hitler Europa "judenfrei" machen wollte.

Es sind auch die Ähnlichkeiten zwischen Breiviks Terror und dem aus dem muslimischen Orient evident. Breivik und al-Qaida treibt dieselbe Vision: die eigene Welt von Eindringlingen zu befreien. Auch die Methoden sind die gleichen, die mitleidlose Gewalt, auch gegen diejenigen der eigenen Gemeinschaft, die man als Verräter sieht. Es sind ja in den muslimischen Ländern viel mehr Muslime dieser Form der Gewalt zum Opfer gefallen als Ausländer - und auch Breivik attackierte keine Muslime, sondern jene, die dafür waren, dass Muslime hier leben.

DER MULTIKULTURALISMUS IST HIER, UM ZU BLEIBEN

So lasst uns die Religion von den Kreuzzüglern befreien; verhindern wir, dass sie sich durch unseren Sprachgebrauch mit der Religion verbinden können! Alle religiösen Führer, die für die Versöhnung der Religionen arbeiten, müssen sich gegenseitig unterstützen und ermutigen. Auch die Politiker müssen mehr Verantwortung übernehmen. Deshalb hatte ich als Generalsekretär des Europarats eine "Gruppe der Weisen" einberufen, um zu analysieren, wie wir in einer multikulturellen Welt zusammenleben können, geleitet vom ehemaligen deutschen Außenminister Joschka Fischer. Zahlreiche europäische Hauptstädte habe ich mit der Gruppe besucht, um deren Bericht "Zusammenleben im Europa des 21. Jahrhunderts" vorzustellen.

Es hat mich getroffen, wie viel Gewicht alle Gesprächspartner der Verantwortung von Politikern und Medien gaben, wie sehr sie deren Verantwortung betonten, den Menschen die Wirklichkeit zu erklären: Der Multikulturalismus ist hier, um zu bleiben; Europa war schon immer ein Kontinent der vielen Religionen und Ethnien. Und immer, wenn wir es nicht schafften, damit zu leben, führte dies zu den furchtbarsten Katastrophen. Wir müssen deshalb Multikulturalität nicht nur hinnehmen. Wir müssen unsere Denkweisen, unsere Mentalität ändern: Wir müssen die Vorteile aus unserer Verschiedenheit sehen lernen.

Ich bin auch dafür eingetreten, das europäische Sicherheitskonzept zu erweitern, das sich vor allem auf militärische Dinge fokussiert. Ich habe dies die "tiefe Sicherheit" genannt; sie hängt davon ab, wie wir zusammenleben können, ohne dass Konflikte eskalieren. Eine solche Sicherheit ist tief in der Gesellschaft verankert. Die Basis dafür sind die Werte, die uns alle in Europa verbinden, niedergelegt in der europäischen Menschenrechtskonvention. Rechte enthalten sie und Pflichten: Du hast das Recht, deine religiöse und ethnische Identität zu wahren. Aber du hast die Pflicht, die gemeinsamen europäischen Werte zu achten.

NATIONALISMUS IN NEUER FORM

Europa hat eine Warnung aus Norwegen erhalten. Wahrscheinlich hat Breivik alleine gehandelt, ich fürchte aber, er hat einen Trend gesetzt. Während wir alle eifrig über Muslime und radikalen Islam geredet haben, hat dieser Trend sich in aller Stille geformt. Wir sehen einen Nationalismus in neuer Form, aber auch für ihn gilt das alte Sprichwort: Nationalismus ist von Übel und führt zu Übel.

Bundeskanzlerin Angela Merkel hat etwas sehr Wichtiges gesagt: Ausländerhass ist eine europäische Herausforderung. Und deshalb ist es auch richtig, dass Norwegens Premierminister Jens Stoltenberg exakt das gegenteilige Zeichen gesetzt hat als der amerikanische Präsident George W. Bush nach dem 11. September 2001. Dessen Botschaft der Vergeltung war: Sei für mich, oder du bist gegen mich. Das hat die Welt gespalten.

Sein Nachfolger Barack Obama erhielt auch deshalb den Friedensnobelpreis, weil er sofort begann, Brücken zu bauen. Europa sollte dem Kurs Stoltenbergs folgen, Brücken in der Gesellschaft zu bauen, unterstützt durch unsere demokratischen Institutionen. Breivik können wir nicht ändern. Unsere Sicherheit aber liegt in den menschlichen Beziehungen, die aufzubauen wir fähig sind.

*Der Norweger Thorbjørn Jagland, 60, ist Generalsekretär des Europarats und leitet in Oslo das Komitee, das den Friedensnobelpreis vergibt. (Übersetzung: Matthias Drobinski)